Educação

Lifelong learning – por que o aluno não presta mais atenção em você

Quem teve a oportunidade de crescer na década de 90, deve se lembrar de uma atração de televisão onde um cientista e seu amigo, o rato, abordaram diversos assuntos sobre a ciência de uma forma tão incrível que mal lembramos das 4 horas em sala de aula. Isso porque o conteúdo era retratado com aplicações práticas e sobre elas servirem de base para aprender outras coisas ao longo da vida. E é sobre isso que Lifelong learning tem a dizer.

 

Desde 1980 o escritor americano Isaac Azimov já defendia que as instituições de ensino não desenvolviam a aprendizagem, pois apresentavam conteúdo de forma igual a todos, em único ritmo e única direção. Ao atribuir esse padrão, acreditavam que estariam proporcionando oportunidades iguais de aprendizado. Hoje em dia, devido à teoria das inteligências múltiplas, já sabemos que não é bem assim que funciona. E aquela história: não se pode julgar o peixe pela habilidade de subir em árvores.

 

É interessante ver que há quase quarenta anos desde a citação de Azimov a educação caminha no mesmo ritmo que antigamente. O ponto de vista do escritor, porém, está mais atual do que nunca. E é nesse contexto que o educador terá a missão de mergulhar.

 

Confira aqui uma entrevista TEDxUSP sobre : “O que as pessoas vão buscar na escola não é uma solução tecnológica: É uma solução pedagógica.” 

 

O porquê do aluno não prestar mais atenção em você, não é culpa de qualquer tecnologia ou o fato do google ter respostas mais rápidas. Pense bem: o futuro da aprendizagem é ser autodidata? Acredito que não. Os vídeos de educação do youtube ainda têm educadores mediando o conteúdo; blogs sobre educação ainda têm educadores mediando conteúdo; cursos EaD têm muitos e bons educadores mediando conteúdo! O que faz eles conquistarem a atenção do seu aluno é fazer o que o muitos educadores em sala não se permitem: mostrar pra que serve o conteúdo na prática.

 

O efeito que the beakman’s world causou nessa geração

Sem dúvidas, o que programas “faça você mesmo” conseguiram nos mostrar foi que a educação pode ser tão legal quanto necessária. É aquela educação que entrega um valor de longo prazo e que o aluno quer se aprofundar durante a vida inteira. É aquela sensação de fazer um vulcão com bicarbonato de cálcio. É repetir a célebre frase em vídeo: não tente fazer isso sozinho em casa. Quem nunca? E é nessa parte de tentar fazer, mas não fazer sozinho que o educador contemporâneo entrará.

 

É comum ver que muitos professores em sala estão se superando em criar rimas e diagramas para o aluno rir, se concentrar um pouco e fixar a matéria, certo? Pode até funcionar para alguns, mas não é tão necessário. Isso se comprova quando analisamos bons canais sobre educação no Youtube que não usam a comédia como técnica principal para levar conhecimento. Eles usam elementos que agregam valor, pois entendem que ter acesso a informação não é a mesma coisa que aprender.

 

Por exemplo, se você pesquisar como fazer um bolo no google neste momento, você terá muitos sites dizendo como fazer o melhor bolo da sua vida, ou aprenda a fazer um bolo em cinco passos. No entanto, se a descrição não detalhar todos os ingredientes, ou ainda a quantidade exata de cada um e o tempo certo de preparo, muito provavelmente você não conseguirá fazer um bolo sozinho. Ainda assim, se a mesma informação for apresentada por pessoas diferentes, provavelmente haverá algum comentário sobre como X tem uma didática melhor ou Y conseguiu fazer você entender a importância de mexer bem a massa.

 

Era nisso que Asimov acreditava. O conceito de que quanto mais uma pessoa quer aprender sobre beisebol mais ela vai pesquisar sobre beisebol e assim acabaria esbarrando em assuntos matemáticos como estatísticas de desempenho de cada jogador. Aquele então é o gatilho que o professor tem que observar. Quanto mais o aluno entender que estatística é bom para analisar seus jogos, tão bom em estatística e em como interpretá-la esse aluno ficará, do que se fosse forçado a aprender sobre. No final das contas, sempre terá alguém pra mostrar em qual parte da estatística esse estudante deve se especializar, ou ele dará muitas voltas antes de acertar. Essa é a proposta.

Roberth Cruz